domingo, 15 de maio de 2011

Daquilo que se pode falar sobre as folhas...


Eu sofro muito mais! Sofro por não saber a que horas você vai voltar, ou mesmo se vai voltar. Sofro - de uma forma que nunca entenderá - quando penso que me beija e pensa em outra, em qualquer uma outra. Sofro com cada palavra que você pronuncia a fim de formar uma desculpa qualquer para me deixar por horas, por dias, para sempre. Sofro por saber, simplesmente pelo barulho que você faz dentro do quarto ao mexer nos perfumes, que é para ela que você se arruma - não mais para mim. Ah! Para mim só sobram as queixas, o silêncio de um jantar sempre solitário e o martírio de chorar em vão. O meu lamento é um castigo sem redenção. Eu te vejo e não me reconheço mais, porque você me faz passar por exatamente tudo que eu jurei não suportar. A minha alucinação é pensar que num dia qualquer você vai chegar em casa e eu vou te olhar e reconhecer você. Eu vou me reconhecer também. Eu sonho tanto com esse dia! Você me fazia tão bem antigamente! Por que mudou desse jeito? Eu atravessei na corda bamba para ir do céu ao inferno por você, com você. Tive que ver você mudar todos os dias, como um pesadelo, sem que eu nada pudesse fazer. Eu me desgastei demais na espera dos pedidos de desculpas que você nunca vai dizer. Eu sei que o meu amor foi folha de outono. Não me venha dizer que sente muito. Eu, no meio de toda essa bagunça, vou tomar meu coração destruído e, mesmo escondida, vou esperar ansiosamente por um dia que eu já vivi. Porque eu, com certeza, sofro muito mais.

2 comentários:

Íria disse...

Há-sei que-há. a-Arte de embelezar ecos de angústia. Soam palavras inventivas de afeto. Há-ar para se sentir. (:

Beijo, Pah.

guh disse...

"tive que ver você mudar todos os dias, como num pesadelo", bunito isso, ó.