terça-feira, 19 de julho de 2011

Poema enferrujado

Eu sofro muito mais, oh, âncora de minha existência,
Sofro pois me transtornas, e me fazes parada da marrom folha;
E de Outono, calhou a caruma fresca, oleosa, inflamável,
És em todo rigidez para o meu corpo, que te jurei,
E calas na noite sobre a mesa, tampa a sombra silenciosa
No mastigar sonolento tua boca cheia.
Como sofro, Deus covarde, ele me estendeu como flor,
Caiou-me a casa e os entremeados da vida
Mas aos ventos sobram as lascas brancas a cair das paredes
E as arvores verdes se enferrujam no ritual em fim de Verão,
Meu perfume nada faz, o teu, desviou-se de intenções para mim,
É para outrem. Para outro corpo, um sopro em busto rosa...
Espero em meu corpo, curto em folego, no galego da seca folha,
Triste, em cardos, um gesto da mão esperançosa, que entre, nos sulcos do corpo,
E me traga de volta a vida, enfim, florida.

[Querido senhor] Paulo Valente

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