quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Toujours

O que me consola é pensar que o gelo derrete. As moléculas tomam um novo arranjamento, e a matéria muda de forma, no final das contas. O amarelo da tarde no fundo do quadro insiste em me induzir ao sentimento de perpetuação, de continuidade insana e descontrolada, de medo. As palavras parecem doer e crescer de forma tão absurda que não conseguem tornar-se, enfim, sonoras, compreensíveis, claras. O escuro do silêncio consegue me entender. Só a neblina é capaz de me vestir adequadamente. As risadas, como quase sempre, são falsárias, esnobes. As pessoas, então, quase completamente desnecessárias. É o efeito do entorpecente. Loucura é esperar uma dor mais forte na próxima vez, mas duvidar da capacidade de suportá-la. É encarar um iceberg crendo firmemente em um desgelo rápido. Afinal, o que me consola é pensar nisso.

'One day I'm going to grow wings.
A chemical reaction
hysterical and useless.
Hysterical and ...'


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