sábado, 30 de janeiro de 2010

Um deslize.






Abriu a porta. Entrou em casa. Tirou da bolsa um papel com o resultado do exame. Leu, sofregamente, buscando um fio de esperança que teimava em não vir. Maldito papel! Com ele um turbilhão de lágrimas vieram molhar o rosto sonhador de Bárbara. Havia sonhos quebrados pelo piso da sala e a sensação infinita de infelicidade e desilusão. Todos os seus esforços foram inúteis.


Bárbara conheceu-o ainda garota. Numa tarde florida de setembro, viu muitas garotas reunidas por causa dele. Interessou-se. Elas estavam eufóricas e usavam roupas que encantaram a menina. Conversou com sua mãe pedindo que a deixasse conhecê-lo também. Foi atendida. Apaixonou-se desde o primeiro dia e prometeu jamais deixá-lo. O destino provaria o contrário.

Dedicou-se. Renunciou parte de sua vida. Lutou. Tudo fez por causa dele. Ele pediu que abandonasse, por alguns anos, o sonho de ser mãe, pois não admitia atenção pela metade. Ela aceitou. Bárbara estava feliz. Fazia aquilo que mais gostava. Não era um sacrifício vão. Seu amor por ele estava sendo reconhecido pelos outros. Isso era gratificante para ela, mas houve um deslize. Um acidente afastou a jovem do seu amor. Definitivamente. Uma grande torção trouxe a Bárbara a obrigatoriedade de abandonar algo que era a sua vida.

O balé agora faria parte do seu passado. Tantos prêmios e aplausos seriam guardados, assim como a sapatilha de ponta, no fundo da gaveta do armário. E a jovem bailarina chorava porque perdera a única coisa que a fazia sorrir.

~ Palloma Soares

4 comentários:

Anônimo disse...

cara, adorei!
tua descrição de afetos e a forma com tu os colocou foi realmente muito massa! :D
muito bom...
ei, e aí? curtiu "narradores de javé"?

abraçãOo :D

A-nanda disse...

li, achei interessante, mas do começo pro meio achei q era mais uma 'estoria' de amor, mas qando vi q nao era delireim muito lindo o jeito q c escreve
parabens `-`

Unknown disse...

so nao gostei do fim. o começo tah foda (no sentido bom da palavra).
"Havia sonhos quebrados pelo piso da sala e a sensação infinita de infelicidade e desilusão."
Isso sim é uma frase boa!

guh disse...

tudo aqui sempre me lembra um filme francês feito hoje, só que em preto e branco, tendo como cenário um quarto e uma ponte.

Não me pergunte porque.