sexta-feira, 15 de maio de 2009

O Poeta.


Como as árvores já andam carregadas de frutos,
os meus bolsos estão carregados de poemas.
E já pesam os meus bolsos como fardos
eles, que eram vazios e felizes,
sim, os meus bolsos eram felizes...
Podia tirar deles os minguados dinheiros
e recibos de contas atrasadas.
Agora eles quase me doem, carregam coisas intraduzíveis
pedaços de mim - leves esperanças
alguma aurora que já vem pelo caminho.
Os terríveis papéis que não puderam ficar em branco!

Como poderei carregar tudo isso
será que terei que levá-los para longe?
Ou eles terão sempre de voltar para mim?
Como as árvores, que já andam carregadas de frutos
os meus bolsos estão carregados de poemas.
Uma árvore, eu sei, pode se libertar do fruto
mas, como poderei eu me libertar do poema?


Antônio Girão Barroso
- Livro: Poesias Incompletas, página 83


2 comentários:

Tatinha Rodrigues disse...

"Agora eles quase me doem, carregam coisas intraduzíveis
pedaços de mim - leves esperanças
alguma aurora que já vem pelo caminho.
Os terríveis papéis que não puderam ficar em branco!"

Temos que acreditar que a dor vai passar, que tudo vai melhorar. Ainda não consigo ver a aurora, mas sei que ela logo vai chegar.

Enfim, linda poesia.

. brunno henrique ∞ disse...

Oiie'
goostei muiito do seu bloog.
Posso te add como seguidor?
Goostei muiito mesmOo'
Poesia muiito mega liinda *-*
beijoooooos'