quarta-feira, 20 de maio de 2009

Algumas declarações (nada) vãs.


Ela estava feliz. Um pouco cansada, talvez. Mas ainda conseguia trazer consigo a paz pra continuar vivendo. Ela Acompanhou a queda de todos os seus planos, de todos seus sonhos com maturidade inimaginável , espantosa, até. E chorou certa noite até não aguentar e adormecer límpida e leve como uma brisa. Isto não quis dizer que ela era uma mulher fraca, quis dizer que ela era humana.

Ah, tantas vezes, quando menina, havia sonhado com o príncipe encantado! A realidade fora cruel com seus devaneios. Aliás, eram poucos os devaneios seus que a realidade poupava. Ela, mesmo assim, aprendera a lidar com as desilusões e acabava deixando de ser alvo fácil para a tristeza. Isolou-se do mundo para curtir no anonimato a sua solidão, para guardar o luto do pedaço da sua vida mais cheio de esperanças vãs. Ela sabia que era pra sempre. Não teria mais volta.

E de quem era a culpa? Ah, esse detalhe não mais interessava. Não depois da forma brusca com que ele saiu de casa. Não depois das palavras que proferiu. Restavam somente as lembranças do momento em que o seu castelo ainda estava de pé, em que havia príncipe e princesa nesse conto de fadas. No fundo, ela só queria que ele não a esquecesse. É ruim passar pela vida de uma pessoa e nem ao menos ser lembrada por isto. Tudo bem. Não deu mais certo, mas existiram momentos felizes. O encanto se perdeu em alguma esquina vazia de um sábado à noite, ou o prazo de validade foi vencido pelo tempo.

É, ela não queria saber as respostas. Não era necessário magoar o seu peito. Não daquele jeito desastrado, desusado, e desumano. Agora, ela queria paz. A sua paz. Um tempo pra juntar os caquinhos do céu que foram quebrados tão abruptamente. Ela sabia como agir, com certeza sabia. E prometeu pra si mesma chorar sempre que fosse necessário. A casa vazia era quase um alívio. Agora ela ocupava sozinha o espaço perfeito pra sonhar.


Palloma Soares.

10 comentários:

Igor disse...

Que tudo, esse texto. *o* Idealizações, incertezas, frutrações, tudo tão comum, todo mundo precisa de paz mesmo.
"Isto não quis dizer que ela era uma mulher fraca, quis dizer que ela era humana." Nossa, perfeito.

Tatinha Rodrigues disse...

Que lindo, Paah! Parece que agora ela tinha o momento dela, pra pensar no que ela tinha feito e o que poderia melhorar. Ela não estava triste, mas também não se sentia bem com o que estava acontecendo. Resolveu seguir em frente, sem deixar que aquilo prejudicasse sua vida. Foi em busca da felicidade.

"Lágrimas por ninguém, só porque é triste o fim."

Muito lindo seu texto, parabéns!

Cris Santana disse...

Nuus, ficou perfeitao garota!

Parabens, muito lindo, "Ela estava feliz. Um pouco cansada, talvez. Mas ainda conseguia trazer consigo a paz pra continuar vivendo", amei isso.!

Parabens, continua hein?!
quero vir aqui mais vezes!

Br.Bozo disse...

Pq seus textos mexem tanto comigo?
Consegue transparecer tão bem certas coisas...
são textos tristes e ao mesmo tempo tem um tom de felicidade...

Lindo...

Anônimo disse...

Parabéns

lagartaandante disse...

'Ela, mesmo assim, aprendera a lidar com as desilusões e acabava deixando de ser alvo fácil para a tristeza.'
-
me apeguei a isso!
Te adoro demaiis Clarice!

Anônimo disse...

Gostei. :)

Anônimo disse...

gostei :)
curti muito isso de tu usar assim como usou as contraposições de idéias se encaixando dessa forma.
booooooaa!!!
huehehehehe ;)

guh disse...

"O prazo de validade foi vencido pelo tempo"

xD
é uma batalha que já começa perdida, né?

guh disse...

ah!
by the way...
beijo palloma!